O sistema imunitário é um conjunto de orgãos e células muito poderoso, que permite enfrentar as agressões permanentes do nosso ambiente, que representa 1% das células do corpo.
No entanto, a exposição repetida aos agressores, algumas carências nutricionais ou outra má higiene de vida podem perturbar o equilíbrio deste sistema e enfraquecer a imunidade. É possível fortalecê-la com uma alimentação apropriada, mas também com o aporte de probióticos, a microbiota tem uma função essencial no apoio da imunidade.
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As 3 linhas de defesa do organismo
A imunidade é a capacidade do organismo em manter a sua integridade pelo reconhecimento e a eliminação de vários corpos estranhos (os antígenos = micróbios, alergénios, tecidos estranhos…) que o penetram. O sistema de defesa passa por 3 grandes barreiras, físicas ou celulares, chamadas linhas de defesa.
• 1ª linha de defesa: a pele e as mucosas
A pele e as mucosas representam a primeira barreira física e natural contra os agressores. Compostos por células epiteliais bem juntas, ficam muito impermeáveis. Este escudo fica reforçado com a presença de pelos ou pestanas e pelas nossas secreções corporais que formam um filme protector (sebo, muco, suor). Alguns dos nossos órgãos (intestino, vagina, trato urinário, sistema respiratório) também têm uma camada protectora com « boas » bactérias, chamada de flora ou microbiota. Estas bactérias impedem a adesão e o desenvolvimento de patogénios.
• 2ª linha de defesa: imunidade inata não específica
Se a primeira barreira é ultrapassada, na 2ª linha de defesa intervêm as células da imunidade. Esta reação é chamada não específica porque intervém da mesma maneira seja qual for o agressor. Vários fenómenos acontecem:
Alguns glóbulos brancos, os mastócitos identificam o corpo estranho e libertam o s mediadores químicos da inflamação. Permitem a vasodilatação dos vasos sanguíneos e a chegada massiva de glóbulos brancos no local de infeção que provoca uma sensação de calor, vermelhidão, dor e inchaço da pele: é a reação inflamatória.
Os mediadores químicos também atraem os fagócitos, células que destroem os corpos estranhos, « devorando-os »: é a fagocitose.
As células NK (Natural Killer) podem também intervir; destroem as nossas próprias células infectadas com vírus através de proteínas, perforinas que provocam a morte celular.
• 3ª linha de defesa: a imunidade específica adaptativa
Por vezes a imunidade inata não é suficientemente poderosa para eliminar o agressor. Por conseguinte, intervém a imunidade específica, com a ajuda dos linfócitos T e B. É chamada específica e adaptativa porque a resposta dada depende da natureza do agressor: cada linfócito B ou T tem na sua membrana um receptor que só pode reconhecer um único tipo de agressor.
Os linfócitos B: produzem anti-corpos que se fixam nos agressores e os neutralizam.
Os linfócitos T: células assassinas que matam por contacto as células infectadas.
O intestino, órgão chave nas defesas imunitárias
Para além das suas funções na digestão, o intestino tem um papel importante na defesa imunitária, porque contém entre 70-80% das células imunitárias do nosso corpo. As células da mucosa, as células imunitárias e a flora intestinal (designada de microbiota) estão intimamente ligadas para a manutenção da sua integridade.
De facto, as células imunitárias recebem informações provenientes do lúmen intestinal (compostos alimentares mas também microbiota) assim como sinais emitidos pelas células da mucosa. Este diálogo permite desencadear uma resposta imunitária para lutar contra a invasão de corpos estranhos patogénicos via intestino.
A microbiota: barreira e proteção
A microbiota intestinal é um conjunto de micro-organismos, principalmente de bactérias Lactobacillus e Bifidobacterium que colonizam o nosso tubo digestivo. É composto por 100 mil milhões de bactérias que vivem em simbiose com o nosso organismo, tendo um peso de cerca de 2Kg!
O seu contributo para o equilíbrio da imunidade intestinal é muito grande:
Barreira contra a adesão e o desenvolvimento de patogénios
Diminuição da inflamação da mucosa intestinal no caso de gastrite infecciosa
Induz a produção de muco intestinal protetor, pelas células da mucosa
Fornece energia às células da mucosa intestinal para o seu crescimento e renovação.
Quando o intestino vira coador…
Mucosa intestinal e microbiota são frágeis. O stress, a nossa alimentação desequilibrada, o consumo repetido de medicamentos, de antibióticos e de substâncias tóxicas, podem provocar um desequilíbrio da microbiota (a disbiose) ou uma hiperpermeabilidade intestinal: a mucosa intestinal fica impermeável e deixar passar os agentes infecciosos.
A imunidade pode ficar perturbada, com maior sensibilidade às infeções.
Nutrir a microbiota para reforçar a imunidade
Felizmente, é possível restabelecer o equilíbrio da microbiota e a integridade da barreira intestinal pelo consumo de prebióticos e probióticos.
Prebióticos
Probióticos
Os prebióticos são fibras alimentares que servem de alimento às bactérias da microbiota. São degradadas em butirato, combustível das células da mucosa intestinal
Funções: Crescimento e desenvolvimento da microbiota. Energia e renovação das células da mucosa. Reforço da barreira intestinal
Onde encontrá-los? Nas frutas e legumes (alcachofra, espargos, bananas, cebola, figo, tupinambo, parte branca do alho-francês, alho…).
Também conhecido pelo nome de fermentos lácticos, os probióticos são « bactérias boas ».
Funções: Reequilibrar a microbiota. Melhorar o transito e a absorção intestinal. Inibir a adesão e o crescimento de patogénios. Reforçar o sistema imunitário.
Onde encontrá-los? Nos iogurtes, no leite fermentado (Kefir, Ribot…), na choucroute…