O silício, chave do nosso organismo
O silício é um dos constituintes do tecido conjuntivo (tecidos ósseos, da cartilagem, dos tendões, dos músculos, e vasos sanguineos), tecido que representa cerca de 40% do organismo. Também está presente em muitos órgãos tais como o fígado, rins, pulmões, coração… na pele, no cabelo e unhas.
Tem um pouco o papel de « grande arquitecto ». De facto, permite construir pontes ou ligações entre as moléculas fibrosas conhecidas - elastina e colagénio, queratina- e outras moléculas menos conhecidas, suportes estruturais de todos os tecidos do organismo, conhecidas como proteoglicanos. Assegura também a estabilidade e harmonia molecular, garantindo o normal funcionamento de um órgão e participa por exemplo na elasticidade da pele, vasos sanguineos e tendões, na solidez dos ossos e das cartilagens1-2.
O silício contribui também para a regulação da distribuição e da fixação do magnésio e do cálcio, melhorando a sua sinergia por exemplo na calcificação do osso.
1.Nielsen et al. Update on the possible nutritionnal importance of silicon.Int. J Endocrinol.2013 ; 2013 :316783.
2.Rodella et al. A review of the efffects of dietary silicon intake on bone homeostasis and regeneration. J Nutr Health Aging 2014 Nov ; 18(9) :820-6.
Um pouco de vocabulário
Silício mineral, ácido sílico ou ortosílico: quais são as diferenças?
O silício mineral é composto por um átomo de silício e 2 átomos de oxigénio SiO2. Insolúvel na água, não é assimilável pelo organismo.
O ácido sílico é a forma molecular de origem vegetal: a silícia mineral é transformada por algumas plantas em sílicia vegetal ou ácido sílico ou ortosílico. É nesta forma hidrosolúvel que o silício elemento é absorvido muito melhor a nível intestinal, transportado no sangue, eliminado nas urinas.
O meu cabaz • prato-ricos em silício
O ácido ortosílico constitui a matéria prima na edificação dos troncos, folhas e raizes de todas as plantas. Legumes, cereais, leguminosas, frutas e frutos secos, oleaginosas constituem um aporte alimentar de silício. As plantas são naturalmente ricas em silício: cavalinha, urtiga, bambu…
Parcialmente solúvel, o silício (que combinado com o oxigénio e o alumínio, constitui o essencial das rochas sedimentárias) encontram-se nas águas de infiltração que dão nascimento às águas « ricas em silício » (ler as rotulagens).
Nas bebidas, a cerveja (consumir com moderação), o café e o chá contêm silício.
Alguns exemplos
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Quantidade de silício
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100 g de cereais completos |
10,7 mg |
200 g de pão branco |
3,38 mg |
200g de pão completo |
4,50 mg |
200 g de arroz integral |
4,14 mg |
200 g de batatas novas |
0,58 mg |
200 g de cenouras |
4,58 mg |
250 g de ervilhas |
6,10 mg |
250 g de banana |
13,6 mg |
100 g de uvas |
8,25 mg |
Água mineral ½ L |
3,44 à 7,23 mg |
Cerveja ½ L |
8 mg* |
Source : Diatary silicon intake and absorption. Jugdaohsingh et al. Am J Clin Nut. 2002. |
* Harry Robberecht et al.International Journal of Food Properties .Volume 11, 2008 - Issue 3. Silicon in Foods : Content and Bioavailability. |
Um nível que diminui com a idade
O corpo de um adulto jovem em boa saúde contém entre 6 e 8 gramas de silício, o dobro do ferro!
Infelizmente, o nosso nível diminui com o passar dos anos, nomeadamente porque está pouco presente na alimentação moderna (cereais refinados, cultura rápida de vegetais com adubos, impedindo uma melhor fixação do silício nos solos…) mas também porque a sua assimilação e toma alimentar diminui com a idade (menos de 20 mg/dia versus 20 a 50 normalmente).
(Jurkic et al. Biologicla and therapeutic effects of arthosilicic acid and some ortho-silicic acid releasing compounds. New perspectives for therapy.Nut. Metab 2013 ; 10 :2).
Para quem, quando, porquê?
• Os seniores prioritariamente, com certeza: participa no metabolismo mineral geral e na edificação das fibras de suporte (colagénio….), o silício é importante, com outros factores nutricionais tais como o zinco, cobre, manganês para o conforto articular e a calcificação dos tecidos ósseos. A nível das paredes dos vasos sanguineos, ricos em colagénio e elastina, este fornece flexibilidade.
• Mulheres na menopausa: o silício interage com os níveis de estrogénios na densidade óssea (resultados de um estudo de cerca de 3200 mulheres com idades entre os 50 e os 62 anos)*.
*Macdonald et al. Dietary silicon interacts with oestrogen to influence bone health : evidence from the Aberdeen Prospective Osteoporosis Screenning Study. Bone 2012, 50(3) ;681-687.
• Todo(a)s o(a)s que queiram manter uma « pele bonita »: a partir dos 40 anos, nota-se uma perda de elasticidade e flacidez da pele que fica com rugas. De facto, a nossa reserva de silício diminui com a idade.
*Jurkic et al. Biologicla and therapeutic effects of arthosilicic acid and some ortho-silicic acid releasing compounds. New perspectives for therapy.Nut. Metab 2013 ; 10 :2.
• Os desportistas: fazem muito uso das articulações, tendões… que precisam de se « regenerar ».
• Aquando uma queda de cabelo, cabelos finos e frágeis, unhas quebradiças: são constituidos por queratina, onde o silício está presente grande quantidade.
*Jurkic et al. Biologicla and therapeutic effects of arthosilicic acid and some ortho-silicic acid releasing compounds. New perspectives for therapy.Nut. Metab 2013 ; 10 :2